Neste momento, agora mesmo, na nossa velha Europa, estão a ganhar a batalha anti-sistema, por todo lado, os partidos políticos de ultra-direita. O movimento anti-sistémico, que até o de agora tinha a sua expressão de maior sucesso nos movimentos e partidos da ultra-esquerda, tem, nestes intres, um crescente apoio, e de cada vez maior, nos partidos da ultra-direita, que amalgamam uma mensagem anti-sistema e anti-globalização, com um discurso profundamente racista, sexista e neo-tradicionalista.
Os protestos, circulam por toda a UE contra a austeridade e a imigração e os discursos políticos, reviram as suas palavras, sobre uma sorte de volta a um estado primitivo, de soberania do estado-nação, como base da solução dos problemas derivados do cambio de modelo económico, que viu nascer a crise financeira de 2008. Neste caminhar das coisas, os partidos de ultra-direita estão a monopolizar eleitoralmente a resposta anti-sistema e anti-europeia.
Durante décadas, na Europa, os partidos da ultra-direita não expandiam para além de uma alta insignificància dentro do sistema político. Mas na partida do jogo anti-sistema, a ultra-direita, está a ultra-passarem; em apoios eleitorais; a uma ultra-esquerda que olha atónita, como estes grupos, capitalizam a sua mensagem anti-liberal e anti-europeia. Os UKIP, os FN, os AfD,… alargam o seu sucesso «engaiolando»; com uma componente de simplismo discursivo facilmente assimilável; ao eleitorado, disposto a procurar um cambio, sem calcular os custos do mesmo.
Também, desde a própria social-democracia, com o abandono do modelo de estado de bem-estar e a copia das políticas económicas do modelo implementado pela Tatcher em `80 do século XX, e posteriormente com a adoção da desoladora chamada «terceira via», foram criando-se as condições para o alargamento do apoio social a estas forças políticas anti-sistema. A falta de resposta, frente, primeiro, à crise fiscal que derivou da crise do petróleo e logo, ante o novo modelo económico e a crise financeira de 2008; levou a um abandono dos referentes sociais-democratas em grande parte da UE. Um claro exemplo é o PASOK, na Grécia, que viu como dilua a sua base eleitoral entre os neonazis de «Amanhecer Dourado» e a ultra-esquerda da Syriza. Os socialistas franceses ou os socialistas espanhóis, tampouco andam nos seus melhores momentos.
Os mesmos conservadores europeus, olham como perdem força frente o avanço de estas políticas anti-sistema. De facto, o referendo que rematou no «Brexit» consegui rachar o partido dos conservadores, tendo o seu reflexo no abandono do David Cameron e no liderar do «Leave» pelo Nigel Farage. A ultra-direita fez visível politicamente, algo que desde a ultra-esquerda unicamente tinham teorizado a través de cumpridos, e as mais das vezes incompreensíveis, giros discursivos. Conquistou a luta anti-sistema, representada na «metáfora» do abandono da UE pelo Reino Unido. A própria fraqueza dos partidos conservadores europeus, provoca que hoje em dia, partilhem, com algumas forças, claramente xenófobas e anti-europeias, como pode ser o Fidesz do húngaro Viktor Orbán, grupo parlamentar no Parlamento Europeu.
Por diante, fica reagir na construção de uma Europa, que pode andar a seguir os passos iniciados pelo governo do SNP na Escócia, e a sua postura claramente a favor de uma economia social e de uma ideia europeísta da sua cidadania. Ou andar no modelo, tão pouco presente na agenda mediática deste lado do Minho, da chamada «gerigonça» portuguesa, onde estão a reagir politicamente com sucesso; aos poucos; da grave crise da dívida criada naqueles estados do acrónimo, já por muitos esquecido, PIGS e do seu resgate financeiro e da intervenção da «Troika».