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jueves, octubre 3, 2024

As «joint ventures» russo-chinesas ou de como o cobre galego acabaria na China

Este parece um título de um livro de aventuras para adolescentes daquela serie da Enid Blyton. Poderia ser, mas não é esta a hipótese na que andamos. A nova rota da seda e sua estratégia de alongamento da influencia chinesa no mundo tem uma parceria de primeira ordem no apoio da Rússia do Putin aos mandatos de nova governança mundial que o Xi-Jinping tem fixado definitivamente neste passado mês de outubro de 2017.

Este novo acordo aliás de no político, tem um centro de gravidade no económico. Neste centro de gravidade económico, não poderia ser doutra maneira, a atividade mineira tem uma centralidade especial para o futuro. E é que neste sentido, Pequim é já o hoje o maior importador mundial de cobre e de minério de ferro. Começando na Sibéria russa, justo à beira da Manchúria chinesa e seguindo o percurso de mais de 4000 km oeste-este do rio Amur achamos com os novos «El dorado» para as empresas de extração mineira de capital misto chinês e russo. A demanda chinesa de minerais e outras «commodities» faz que o avanço chinês na sua procura chegue já até o nosso País.

Neste virar do mundo, o 75% das reservas mundiais de matérias primas ficam nesse «heartland» eurasiático que já é dominado em oligopólio pela Rússia e a China. Uma grande parte da fronteira entre ambos estados pertence a este heartland.

Uma das partes fundamentais neste avanço chinês é a chegada de matérias primas para uma industria chinesa de cada vez mais fomenta por absorver recursos. O banco de inversões asiático e a estratégia OBOR (one belt, one road) conhecida como a nova rota da seda vão bem neste sentido. Do lado Russo a constituição da União Económica Eurasiática (EAEU), como mercado comum para este heartland e os estados rematados em «-ão» confirma esta «join venture» mundial entre chineses e russos.

A esta estratégia têm somado as novas «matryoshkas» da inversão internacional: os fundos de investimento russo-chineses que operam já exclusivamente em yuan, a moeda chinesa. Uma destas outras novas «matryoshkas» são as exportações russas de petróleo para a China que duplicaram em tamanho desde 2012 e que tem dentro uma outra «matryoshkas»; um grande oleoduto a transportar desde o oriente russo para a China e que já leva transportadas 100 milhões de toneladas. Uma outra «matryoshkas» mais é que em Rússia são as matérias primas que representam o 75% das suas exportações e das que a industria da China da boa conta.

Novas estradas, novos caminhos de ferro e uma nova frota de barcos tecer vão uma nova rede de infraestruturas completando o avanço do oriente cara ocidente. O giro sobre o Indico e a construção da primeira base naval chinesa no exterior, marcam o caminho de ir deixando atrás o Pacífico; o avanço até Teerão completando a nova rota da seda por uma banda e por outra o caminho transiberiano desde a Manchúria passando pelas novas explorações mineiras seguindo o curso do rio Amur a través de «join ventures» de capital chinês e russo apoiadas sempre com um forte investimento do estado em infraestruturas para facilitar um fluxo de matérias primas que vão desde a madeira até o ouro e saem caminho de Pequim, todo encaminhado a um novo eixo de poder mundial.

Mas as join-ventures russo-chinesas pelo mundo adiante não ficam neste passo. Temos por diante um novo plano dentro do triàngulo da Turquia, do Irão e da Rússia. Neste plano a China intervém com a construção do maior porto comercial na península arábica no Irão, que é um dos «hub» mundiais que nascera na beira do Indico, chamado a ser o oceano com mais rotas comerciais do mundo, superando com muito ao Atlàntico e ao Pacífico. Neste novo plano as «pipelines» do golfo pérsico viram cara a Ásia avançando cara a China.

Neste caminhar cara o ocidente na procura de matérias primas chegou a China à beira da catedral de Santiago. Assim é que chegou a uma antiga mina de cobre, entre os concelhos de Touro e O Pino e que agora parece que segundo os preços a futuros da matéria prima e da sua demanda mundial impulsada pela desenvolvimento chinês faz apetecível novamente a sua exploração.

A nova globalização comandada por China e o seu parceiro russo encaminha uma exploração dos recursos do planeta em níveis aos que nunca antes chegamos. As «join-ventures» russo-chinesas são as «matryoshkas» do século XXI é o sinal mais claro da nova ordem mundial que está a vir, dominada pelo politburó do Partido Comunista da China.

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