O dia 1-O decide-se muita coisa. Esta data pode marcar sem dúvidas uma mudança clara na configuração do atual mapa político. Efetivamente, está a correr uma revolução sensata em todo lado. Uma revolução seguida por um cambio nas políticas e no fazer das coisas, desde o sentido comum e a procura do bem-estar e da dignidade da cidadania.
Lembra-me nisto, uma anedota, não sei agora mesmo de quem ouvi no seu dia, de quando Manuel Fraga visitara ao que fora presidente-alcade no concelho de Ponteareas, o Pepe Castro e este para mostrar submissão fez o aceno de entregar seu bastão de mando, que representa simbolicamente a essência e origem do poder autárquico.
Dom Manuel, que era um tipo bem lido e estudado, diz-lhe ao daquela alcalde, que esse bastão era seu, e exclusivamente seu, que não era mais que seu, que ninguém mais podia usa-lo e que nem sequer, de modo amistoso lhe entrega-se esse bastão a outra autoridade, nem tão sequer a El Rei, pois essa era a representação máxima do seu poder autárquico. Esse poder é o primeiro dos poderes, o de poder mandar primeiro, trasladando à expressão popular, é o poder de mandar na tua própria «casa», o poder sobre si mesmo.
O dia 1-O, entre outras coisas que acontecem no mundo, Portugal escolhe ao poder autárquico. Um poder que em Portugal começa com as assembleias de freguesia, as assembleias municipais e as càmaras municipais. Desde abaixo para arriba, com uma forte e inegável (também de certa forma uma inveja para nós) radicalidade democrática.
Pois sim, a radicalidade democrática, uma coisa sobre a que estes dias, neste lado administrativo da península Ibérica que damos em chamar Reino da Espanha, estamos a ver correr muitas palavras e muitas verbas.
Ao final, o povo é quem manda, «o povo é quem mais ordena». Boa escolha Portugal.