Na cidade de Budapeste, existe um dos museus mais duros de ver para os que temos algo de consciência. Na antiga sede do que fora a polícia política húngara durante a ocupação soviética, a ÁHV, agora ergueu um espaço de memoria e recordo das vitimas, primeiramente da ocupação nazi e posteriormente e a seguir da ocupação soviética. Qualquer qualificativo é pouco para dar reflexo do pequena que às vezes torna a mente humana, deixando dor, assassinatos e indecência na historia de gerações.
O passado 24 de agosto, a União Europeia celebrou o dia contra do nazismo e o estalinismo, um dia para a lembrança das vitimas, que contamos por milhões, de dois regimes totalitários que provocaram imensa dor no coração da Europa. Este dia comemora-se na data da firma do pacto Molotov-Ribbentrop onde o III Reich e a URSS, ambos com pretensões imperiais e expansionistas de domínio mundial baixo a ideia de «Mitteleuropa», repartem as suas aspirações hegemónicas europeias.
Foram muitos os países que baixo o terror do nazismo e o terror do estalinismo viveram uma época de difícil supervivência para os mais. A institucionalização da detenção, da prisão e da tortura e a sistematização da morte do divergente foi uma das suas características.
Até onde eu chegava até o de agora, sabia do intento revisionista que entorno à «Shoah» existe por uma parte da extrema-direita, chegando inclusive a negar o mesmo e a própria existência dos campos de extermínio. As evidencias existem por toda Europa, milhões de pessoas foram sistemática e matematicamente classificadas, escravizadas e tiradas da humanidade. Os planos de extermínio foram uma das mais cruas criações da mente humana. O nazismo foi uma experiência totalitária nefasta para a humanidade. Nojo!
Ora bem, nasce também na extrema-esquerda, uma corrente onde existe um forte espírito de defesa das bondades do «socialismo real» e negam também o horror que foi o regime totalitário que espalhou pela Europa na segunda metade do século XX. Isto é profundamente terrível. Entramos na sombra da dúvida sobre a Apocalipse que significaram os regimes estalinistas por exemplo, nas Repúblicas Populares da Hungria dirigida por Rákosi, na Roménia de Ceausescu ou na Albània mais isolada e fechada de Enver Hoxha, por um caso entre outros. Do outro lado da cortina de ferro, nessa parte que ficou fora do bloco ocidental após a derrota do nazismo na II Guerra mundial, sofreram durante décadas a repressão do estalinismo sobre as suas populações que agora é negada num manifesto assinado por diversas forças políticas chamadas comunistas. Náusea!
No museu «Terror Háza», podes olhar uma parte do nosso ser profundo mais brutal, reptiliano e vazio de qualquer aparência humana. Também fora das suas portas, temos por toda a Europa mostras da barbaridade e crueldade que foram ambos regimes, que com as suas diferencias, partilharam um ódio profundo cara a humanidade, a liberdade e a vida. Ambos seriam matriz ideológica de regimes políticos por todo o planeta que abriram e verteram ao longo do mundo os intestinos da humanidade.