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viernes, diciembre 1, 2023

As sete mulheres do Minho

A Maria da Fonte, foi uma «revolucionaria» que tomaria as armas contra do governo dos Reinos de Portugal. Até cá, todo aparece muito romàntico, a luta camponesa contra o poder do estado, contra a injustiça e a opressão. Ainda é hoje o tempo, no que a gesta heroica das «sete mulheres do Minho» ressoa aquém e além dos rios e dos vales minhotos. De facto, uma minha avó, que era das terras do Condado, na raia com Portugal, tinha fixada essa ideia na sua cabeça, uma ideia que levaria quase um século atrás, ao começo da revolta da Maria da Fonte. Uma ideia, que dalgum modo ultrapassou o tempo e os montes e chegou, não sei bem como, a ficar no seu entendemento. Ela não queria enterro fora da Igreja e do seu adro: o cemitério; sempre dizia; não era terra santa.

A revolta deu começo por uma protesta dos vizinhos de uma aldeia do Minho, contra de uma lei do governo português do Costa Cabral, que obrigava aos mortos serem enterrados fora da igreja, é dizer, no cemitério. Assim começou, e também pela fome, a pobreza e a falta de perspetivas logo das guerras civis que sofreram os reinos de Portugal, naquela altura. Esta minha avó, à que chamavam «A Rainha», tinha ao tempo uma irmã, ou era irmã do meu avô; bom, agora tanto fez; da que sempre contava que tinha umas pistolas na casa. «Viva a Maria da Fonte/ com as pistolas na mão/ para matar os Cabrais/ que são falsos à nação» canta o Zeca e também canta a Ugia. Era gente brava e curtida esta gente de antes.

Assim imagino eu a estas gentes na minha cabeça, onde posso, licitamente, combinar realidade e ficção. Um relato onde a historia contada, se calhar, alongou-se pelo Minho abaixo, passando de Trás-os-Montes, subindo o Geres e caindo pelo vale de Melgaço e chegando a este lado da raia; como se for uma peça mais do contrabando raiano.

Para além desta minha evocação confusa, a médio caminho, entre o romantismo que cozinhou a construção das lendas e mitos de criação do estado-nação político, ao longo de todo o século XIX, e a mistura de lembranças confusas da família; fica sempre, sempre, sempre, o que é que foi a realidade múltipla da historia, sempre complexa e difícil de ler e desterrar.

Andam agora, muitos dos comentaristas e «opinólogos» vários do Reino da Espanha, a deixar de lado o complexo e múltiplo da realidade e a deixar falar a um lado, que poderíamos dar em chamar, mais argumentativamente plano. Novamente andam a fazer um relato de construção de estado-nação, para além da realidade, e a jogar com a historia, que é um brinquedo fácil para um tal ou qual «national bullding». Nestas é onde já andam muitos. E ficam já perto de chegar a altos níveis de esquizofrenia intelectual; entre um referendo de independência da Escócia para ficar na UE e um referendo de independência da Catalunha que os botaria fora da UE.

A história única, normalmente, leva a uma perceção do mundo, homogéneo e simples. Assim andam muitos destes comentaristas e muitos dos políticos que governam no Reino: no monismo e no mais puro dos legalismos, conhecedores de uma única história. Única e indivisível, como um mais dos dogmas da fé. E é que ficam no lado das «comunidades imaginadas» tomado do pé da letra; mas eles acham que é mesmo um lado real é entendem a sua nação; não do lado da partilha de elementos e dinàmicas comuns; senão unicamente como uma soma de elementos jurídicos e legais impostos pelo estado.

A verdade é, que eu quando morrer, tampouco quero ser soterrado no campo santo.

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