Estou a seguir a tele-serie de «Narcos»; que mundo aquele dos anos `80, com o seu Ronald Reagan e a sua Nancy; com a construção dos narco-estados e com regimes corruptos e populistas por toda América do Sul, o general Noriega e a Contra nicaraguense, o chefe da CIA George Bush e os operativos especiais por todo o continente. Aquele era um mundo onde a dialéctica da guerra fria fazia fácil diferenciar aos bons dos maus. Os bons eram os que ficavam num bando e os maus os que ficavam no outro.
E no centro da nossa pequena historia um anti-heroe, com algo que a mim pessoalmente fez-me chegar uma luz sobre a conexão entre os capos da droga colombianos e os capos da droga galegos. Uma conexão que está nesse absoluto e irreverente desprezo pelo poder da política como solução das coisas, uma mesma visão anárquica da sociedade, onde cada um próprio é o único quem pode defender a sua vida e dispor da dos demais: «plata o plomo». Uma espécie de subversão dos interesses gerais ao único poder real que é o que fornece o dinheiro ou as armas.
Existe, este pouso de que o estado é corrupto, a política é corrupta e de que unicamente saltando certas normas é que podes chegar a sair do circo da miséria e da pobreza. Para medrar o único caminho desenhado é o que está por fazer para além das leis dos homens, mas sempre com uma observància, realmente particular e individualista, muito mais animista e relativista do que cristã, das leis de deus, agochadas baixo um oficioso e respeitado ritualismo católico.
E chegamos ao pensamento ultimo e máximo de toda a historia; a guerra é o único que é preciso para a paz. O referendo sobre a paz em Colômbia teve muito disto.